O Sr. Fortunato

 

A. J.

 

 

      O Sr. Fortunato, que levou "ao banho", na Praia das Maçãs e na Praia Grande, várias gerações, faleceu este ano, deixando um rasto de saudade em todos os que privaram com ele.

      Está na memória colectiva o barco a remos na Lagoa da Praia das Maçãs, onde ele passeava os veraneantes e quando andava à pesca à linha e à tarrafa (rede circular que se lança e recolhe do barco ou da margem), na apanha de percebes e mexilhão que enviava pela Sintra-Atlântico, para abastecer os mais famosos restaurantes de Lisboa.

      Andava muitas vezes descalço e era inconfundível, com o seu boné branco com uma âncora dourada e pala azul, que comprava no Moreira da Praia.

      Fez muitos salvamentos, sendo por isso justamente galardoado.

      No Inverno vivia nas Azenhas do Mar e no Verão na Praia Grande.

      Não podemos deixar de lembrar a sua esposa, D. Silvina — para os mais chegados

 

a "Carochinha" — que vendia batatas fritas na praia, neste cesto.

 

 

      Quando o mar embravecia, lá por 24 de Agosto, as crianças emudeciam de admiração quando ouviam o Sr. Fortunato a dizer: "É o S. Bartolomeu!"

      As brincadeiras na praia, com o "prego" de vidro ou metal, as forminhas, os baldes e as pás, as mesas, bancos e cadeiras de madeira nas barracas vão sempre ficar asso-ciadas à figura que pontificava na praia – o Sr. Fortunato – que de sol a sol calcorreava o areal e que não parecia ser possível um dia não estar lá.

 

Fotografias gentilmente cedidas pelos seus filhos e continuadores Vítor Caeiro e Francisco Caeiro.

 

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