Festas em Honra de Nossa Sr.ª do Cabo Espichel

Cortejo Histórico - etnográfico

 

 

A convite da Comissão de Festas da Vila Velha, a Associação de Defesa do Património de Sintra participou no cortejo histórico - etnográfico que se realizou em Setembro do ano transacto, integrado nos festejos em honra de Nossa Senhora do Cabo Espichel. Para essa participação contámos com a colaboração de habitantes de várias localidades do concelho de Sintra, que se traduziu quer na sua actuação no desfile, quer no empréstimo e até confecção de vestuário de época, quer na cedência de alfaias agrícolas, produtos hortícolas, uma camioneta e respectivo condutor.

Tendo o concelho de Sintra, pelas suas características geográficas e pela sua historia económico-social, uma tradição eminentemente rural, a nossa Associação optou por subordinar a sua participação ao tema " Em defesa do mundo rural- Homenagem aos agricultores".

O desfile consistiu essencialmente em três componentes:

  • Painéis reproduzindo um trecho da Volta do Duche, sítio emblemático de Sintra e que foi objecto de um empenhado esforço da população sintrense e da nossa Associação no sentido da sua defesa e preservação.
  • Uma camioneta que transportava objectos e alfaias agrícolas, assim como produtos hortícolas - instrumentos e fruto do trabalho do agricultor.
  • Participantes de vários níveis etários que se dividiram pelos seguintes grupos:
    • Figuras representativas da flora da região - plantas e árvores de fruto.
    • Homens e mulheres com trajes de trabalho rural, desde finais do século XIX até à segunda metade do século XX.
    • Elementos da nossa Associação e da população envergando camisolas com imagens de património natural e construído do concelho, que distribuíram folhetos alusivos à participação da A.D.P.S nas festas em Honra de Nossa Sra. do Cabo Espichel, (ver pagina seguinte).

Um participante que despertou a atenção e o entusiasmo do público, ilustrava uma figura que ainda há poucas décadas se podia encontrar na região - o homem curvado ao peso dos anos de árduo trabalho rural, enxada ao ombro e barrete típico na cabeça. Os aplausos que suscitou a sua passagem seriam expressão colectiva de nostalgia por um mundo de que quase já só existe memória, de admiração pela figura do trabalhador rural ou, quem sabe, da necessidade de retorno a uma relação mais íntima do homem com a natureza?

A A.D.P.S. pretendeu, com a sua participação, dar testemunho de uma realidade cultural que urge preservar e revigorar, não em moldes de imobilismo saudosista. mas numa perspectiva dinâmica e geradora de progresso para o concelho de Sintra e suas populações.

Luísa Laborde

 

Senhor Joaquim de Magoito.

Cortejo Histórico Etnográfico.

Fotografias de Eugénio Tomazinho

 

Trajes de Trabalho

Rancho Folclórico de Vila Verde

Fotografias de Eugénio Tomazinho

 

Camioneta com vários utensílios de lavoura e produtos da terra saloia

Cortejo Histórico Etnográfico

Fotografias de Eugénio Tomazinho

 

Cortejo Histórico Etnográfico

Fotografias de Eugénio Tomazinho

 

CORTEJO REGIONAL

FESTAS DA NOSSA SENHORA DO CABO ESPICHEL

 

A Associação de Defesa do Património de Sintra existe há 23 anos, por isso é a primeira vez que participa nestas festividades; ao fazê-lo quis homenagear os agricultores guardiães de saberes ancestrais e ao mesmo tempo mostrar património natural e construído, que mereceu a nossa protecção e atenção.   

A Região Saloia foi desde sempre celebrada pela excelência dos seus frutos e produtos hortícolas. É da maior importância a criação de Viveiros e de um Banco de Sementes para a preservação das várias espécies em vias de extinção.

Quem não aprecia o pêssego rosa, a maçã reineta, riscadinha e de espelho, a pêra parda, carapinheira e lambe-os-dedos, os morangos, a abóbora, as couves, as batatas, o feijão?

A actividade agrícola tradicional não só propicia a conservação da natureza como também proporciona uma gastronomia mais saudável.

As pessoas, ao habitarem os seus "lugares", impedem a desertificação e mantêm uma qualidade de vida até há pouco incompreendida mas recentemente redescoberta por citadinos que, cansados da poluição e do stress, elegeram a agricultura como um novo modo de vida.

Estes festejos, que se realizam de 25 em 25 anos, constituem um património cultural da maior importância que urge transmitir às novas gerações para que se continuem a preservar as tradições, essência da alma dum povo.

Sintra 19 de Setembro de 2004

 

Nota: O cortejo vai passar pela Volta do Duche, ladeada por uma flora variadíssima e árvores centenárias, local único que tem merecido, por parte da população residente e dos turistas que nos visitam, a mais veemente e entusiástica atitude para a sua preservação.

 

 

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