ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DO

PATRIMÓNIO DE SINTRA

 

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Evocação de Figuras Nacionais Ligadas a Sintra

 

Tude Martins de Sousa

Joaquim Vieira Natividade

Carlos Manuel Leitão Baeta Neves

Mário de Azevedo Gomes

 

Fotografia A.J.

Palácio Valenças - Vila de Sintra

 Sábado, 20 de Outubro de 2007

 

* * *

 

Agradecimentos

 

Para a Evocação de Tude de Sousa, Vieira Natividade, Baeta Neves e Azevedo Gomes reconhecidamente agradecemos à Câmara Municipal de Sintra, a cedência da Sala da Nau do Palácio Valenças, o sistema de projecção em Power Point, a gravação das intervenções dos Oradores e as capas para a documentação entregue durante a Sessão, assim como a todos os funcionários da CMS, o profissionalismo e a gentileza demonstrados.

 

Queremos  saudar os distintos Oradores que graciosamente acederam a nosso convite assim como a Sra. Directora do Estabelecimento Prisional de Sintra, Dra. Fátima Corte, à Lic. Cristina Magro, ao Sr. Director da Estação Agronómica Nacional, Dr. António Mexia, à Sra. Sub-Directora do ICN- Instituto da Conservação da Natureza, Eng. Lurdes Carvalho, ao Presidente da Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal, Eng. José Alberto Guerreiro Santos, à Sra. Dra Ana Luísa Gomes da Costa, ao Sr. Eng. Paiva e Sousa, ao Sr. Eng. Neiva Vieira, ao Dramaturgo Jaime Salazar Sampaio, ao Grupo de Teatro Independente de Loures, ao Sr. António Bernardino Paulo da Silva, a todas as pessoas que nos deram a sua prestimosa ajuda e aos Associados que ofereceram o almoço buffet e lanche, fotocópias, fotografias e vários outros materiais que tornaram possível a realização da Sessão de 20 de Outubro de 2007 no Palácio Valenças em Sintra.

 

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Fotografia João Ventura da Silva

Mesa 1º Painel, Presidente da Câmara Municipal de Sintra Dr. Fernando Seara,  Vice-Presidente ICN Drª. Lurdes Carvalho e Directora do Estabelecimento Prisional de Sintra Drª. Fátima Corte

 

Fotografia João Ventura da Silva

Professor Magalhães Ramalho, e Dr. Henrique Barreto Nunes

 

Fotografia João Ventura da Silva                                                       

 

Fotografia João Ventura da Silva

Mesa dos oradores 1º Parte, Arq. Gerald Luckhurst, Dr. Henrique Barreto Nunes, Eng. Rui Queiroz, Eng. Ernesto Rafael.

 

Fotografia João Ventura da Silva                                            

Arq. Gerald Luckhurst

 

Fotografia João Ventura da Silva

Arq. Gerald Luckhurst, Dr. Henrique Barreto Nunes, Eng. Rui Queiroz, Eng. Ernesto Rafael.

 

Fotografia João Ventura da Silva

Dr. Henrique Barreto Nunes, Eng. Rui Queiroz

 

Fotografia João Ventura da Silva                                                         

 

Fotografia João Ventura da Silva

Eng. João Saldanha, Eng. José Pedro Duarte Tavares, Eng. Vicente Paulo, Eng. Silva Carvalho, Eng. António Ramos Guerra e Eng. Ernesto Rafael

 

Fotografia João Ventura da Silva

Eng. Silva Carvalho

 

Fotografia João Ventura da Silva

Assistência, na 1ª. fila o Sr. Vereador Quinta Nova.

 

Fotografia A.J.

Convívio Buffet, Professor Fernando Estácio, Professor Monteiro Alves e Professor João Bugalho

 

Fotografia A.J.

Convívio Buffet, Dr. Almeida Fernandes e Eng. Silva Carvalho

 

Fotografia João Ventura da Silva

Convívio no fim da sessão da manhã

 

Fotografia A.J.

Assistência da representação da peça de teatro "Árvores, Verdes Árvores", do Dramaturgo Jaime Salazar Sampaio

 

Fotografia João Ventura da Silva

Teatro Independente de Loures

 

Fotografia João Ventura da Silva

Teatro Independente de Loures

 

Fotografia João Ventura da Silva

Teatro Independente de Loures

 

Fotografia João Ventura da Silva

Cena Final

 

Fotografia João Ventura da Silva

Companhia do Teatro Independente de Loures e o Dramaturgo Jaime Salazar Sampaio

 

Fotografia João Ventura da Silva

Companhia do Teatro Independente de Loures, Encenador Carlos Paniágua Feteiro e o Dramaturgo Jaime Salazar Sampaio

 

Fotografia João Ventura da Silva                                                  

 

Fotografia João Ventura da Silva

Eng. Neiva Vieira e Eng. João Bugalho

 

Fotografia João Ventura da Silva

Eng. Neiva Vieira, Eng. João Bugalho, Dr. Almeida Fernandes.

 

Fotografia João Ventura da Silva

Eng. João Bugalho, Dr. Almeida Fernandes, Eng. Ernesto Rafael.

 

Fotografia João Ventura da Silva                                                     

 

Fotografia João Ventura da Silva

Drª. Ana Luísa Gomes da Costa, Professor Monteiro Alves

 

Fotografia A.J.

Assistência, em primeiro plano Dr. Jorge Trigo

 

Fotografia A.J.

Assistência, em primeiro plano Professor Eugénio Sequeira

 

 

(Rui Victorino Queirós)

 

De origem eruptiva, a Serra de Sintra levantou-se há cerca de 85 milhões de anos, junto ao oceano, no extremo ocidental da Europa, constituindo um dos mais importantes acidentes de relevo e um elemento estruturante da paisagem da região de Lisboa.

 

O seu relevo, perpendicular ao oceano, intercepta os ventos marítimos que são obrigados a subir, condensando a humidade que transportam, gerando um microclima muito temperado e húmido, favorável ao desenvolvimento de um exuberante manto vegetal. A frequência dos nevoeiros com as consequentes precipitações ocultas é um fenómeno tanto mais significativo quanto ocorre sobretudo durante o Verão, suavizando-o e reduzindo as carências hídricas da vegetação.

 

Os solos, geralmente graníticos, frescos e leves, muito ricos em matéria orgânica, permitiram que os elementos acidófilos da flora autóctone se desenvolvessem a par com plantas de maior alcalinidade ou mesmo calcícolas, dos terrenos calcáreos que rodeiam a Serra, originando uma elevada biodiversidade vegetal.

 

Também o acidentado do relevo, com vales profundamente entalhados e cristas rochosas, grandes contrastes térmicos, de humidade, de exposição e abrigo, e de profundidade do solo, diferenciando um acentuado gradiente de habitats, contribui para essa diversidade florística e para o carácter único da Serra de Sintra no panorama geográfico, paisagístico e florestal português.

 

Ocupada sucessivamente pelos vários povos que dominaram o nosso território, a presença do homem é muito antiga na Serra de Sintra conforme testemunham numerosos restos arqueológicos.

 

Desde o início da nacionalidade que a beleza da paisagem, a suavidade do clima e a frescura dos bosques atraíram reis e, com eles, aristocratas, escritores e artistas. O isolamento resultante da sua natureza agreste atraiu também monges e ascetas que nela procuraram refúgio e maior proximidade a Deus, deixando velhos conventos, cruzeiros e ermidas.

 

A abundância de água na Serra, possibilitando uma fácil irrigação, favoreceu o povoamento e desenvolvimento da agricultura na sua base. Sintra tornou-se assim rica em quintas e palácios, cercados de jardins, hortas e pomares, onde a água murmura permanentemente nas fontes e tanques.

 

A ocupação humana da Serra veio alterar e reduzir progressivamente a sua floresta primitiva, implantada após a última glaciação e dominada por carvalhos, atingindo-se o máximo de desarborização em finais do século XVIII, dela sobrando, apenas, indivíduos dispersos e alguns pequenos bosques, pouco degradados, que constituem verdadeiras relíquias de grande valor cultural e científico.

 

Há notícia de, nos séculos XIV a XVII se caçarem veados e javalis e de crescerem trutas nas ribeiras da Serra de Sintra, o que pressupõe um coberto florestal ainda abundante e muito denso que daria abrigo a numerosas espécies de animais já desaparecidas e um sítio mais provido do que hoje de águas límpidas e bem oxigenadas.

 

A floresta de Sintra, rica em espécies mediterrânicas e atlânticas, marca a transição entre a vegetação do norte e do sul do país, estimando-se em 901 o número de plantas autóctones, das quais 7 são endemismos locais.

 

Das suas antigas associações vegetais, a do carvalho negral (Quercus pyrenaica) teria tido significativa expansão cobrindo os cumes rochosos e as vertentes mais desabrigadas. Nas encostas sombrias e húmidas, viradas a norte e nalguns locais mais abrigados, vivia a associação tipicamente atlântica do carvalho alvarinho (Quercus robur). A associação mais termófila do carvalho cerquinho (Quercus faginea) teria tido a maior ocupação incluindo os terrenos calcáreos à volta da Serra, sendo grande a abundância de sobreiros (Quercus suber) nas zonas mais baixas e quentes.

 

A ocorrência de velhos indivíduos de samouco (Myrica faya), do pequeno Daphne laureola e dos fetos Davallia canariensis, Asplenium hemionitis, Dryopteris guanchica e Woodwardia radicans e a visível expansão do vinhático (Persea indica) e do til (Ocotea foetens), constituem indícios de sobrevivência de uma possível associação de carácter macaronésico.

Fotografia Rui Victorino Queirós

 

Destas associações faziam parte um grande número de espécies das quais, ainda hoje, se encontram indivíduos um pouco por toda a Serra: o bordo (Acer pseudoplatanus), a aveleira (Corylus avellana), o azevinho (Ilex aquifolium), o pilriteiro (Crataegus monogyna), o sanguinho das sebes (Rhamnus alaternus), o azereiro (Prunus lusitanica), o loureiro (Laurus nobilis), o medronheiro (Arbutus unedo), o aderno (Phillyrea latifolia), o folhado (Viburnum tinus), o carrasco (Quercus coccifera), a murta (Myrtus communis) e a gilbardeira (Ruscus aculeatus).

 

Nos vales, junto às linhas de água, sobrevivem restos de formações ripícolas com salgueiros (Salix alba e S. atrocinerea), freixos (Fraxinus angustifolia), amieiros (Alnus glutinosa), ulmeiros (Ulmus minor), choupos (Populus alba e P. nigra), sabugueiros (Sambucus nigra) e sanguinhos de água (Frangula alnus).

 

Notável é também a vegetação criptogâmica, mais exigente em frescura e humidade do que a superior, abundando os musgos, líquenes e fetos, encontrando os fungos habitats privilegiados nos andares superiores da Serra.

 

Os fetos espreitam das fendas das rochas e abrem as suas folhas nos locais mais sombrios; os penedos e os muros estão revestidos de característica vegetação rupícola; é grande a abundância de musgos e líquenes e de plantas epífitas e trepadeiras que cobrem troncos e ramos, tudo envolvendo num espesso manto verde.

 

Com a descoberta de novas rotas marítimas e de novos continentes, começou a introdução de plantas exóticas na Serra de Sintra, ciclo esse provavelmente iniciado pelo Vice-Rei da Índia, D. João de Castro, que, cansado e desencantado do curso da política da época, se retirou para o seu refúgio da Penha Verde, onde abatia árvores de fruto para em seu lugar plantar arvoredos silvestres e estéreis. Segundo alguns autores, terá sido D. João de Castro quem trouxe as laranjeiras doces da China e terá introduzido as faias das ilhas (Myrica faya) na Serra de Sintra.

 

No séc. XIX, o romantismo, o despertar do interesse pela natureza e a grande curiosidade científica, levaram à introdução e cultivo de novas espécies que muito enriqueceram os seus parques e jardins e valorizaram a sua paisagem.

 

São particularmente notáveis os Parques da Pena e de Monserrate, mandados plantar, respectivamente, pelo Rei D. Fernando II e pelo rico industrial inglês Francis Cook, nos quais foram introduzidas centenas de espécies provenientes das mais diversas partes do mundo que, em parte, estão agrupadas por talhões consoante a família ou o género, ou por origem geográfica, reconstituindo paisagens e ambientes de países distantes, em perfeita harmonia e integração com o meio envolvente e a vegetação autóctone, criando a ilusão de fazerem parte da sua própria natureza.

 

Nestes parques históricos, algumas áreas foram valorizadas com a construção de tanques, fontes, lagos e discretos locais de lazer ao gosto romântico e sobretudo com os arranjos paisagísticos conseguidos com a utilização de espécies de grande valor ornamental como fetos arbóreos, rododendros, azáleas e cameleiras, criando ambientes de grande exotismo e beleza.

Além das europeias, os parques são particularmente ricos em espécies provenientes de zonas de outros continentes com um clima semelhante ao nosso, como é o caso das originárias das costas ocidental e oriental da América do Norte, das regiões temperadas da América do Sul, da China e do Japão, da África do Sul, do sul da Austrália e da Nova Zelândia.

 

Muitas das espécies introduzidas, em virtude da plena adaptação ao meio local, naturalizaram-se, tornando-se sub-espontâneas, entrando em competição com as plantas nativas.

 

A primeira referência à existência de pinheiro bravo (Pinus pinaster) na Serra de Sintra, foi efectuada em 1841 pelo naturalista austríaco Friedrich Welwitsch, tendo-se o seu cultivo expandido a partir dessa data, com grande incremento já no século XX com a arborização dos Baldios Municipais de Sintra e Cascais, submetidos ao Regime Florestal em 1919 e 1929, respectivamente. Parte desta área foi posteriormente rearborizada com cedro do Buçaco (Cupressus lusitanica), por o pinheiro bravo não se ter adaptado aos solos básicos de algumas zonas envolventes do núcleo sienítico da Serra.

Fotografia Rui Victorino Queirós

 

Toda a arborização realizada a partir do século XIX e os núcleos de vegetação primitiva existentes foram gravemente afectados ou destruídos pelo grande incêndio de Setembro de 1966 que lavrou durante uma semana, tendo a degradação do património florestal e florístico da Serra nunca parado desde essa altura.

 

Apesar da abundante regeneração natural do pinhal que então se verificou, uma das consequências imediatas daquele incêndio foi a forte propagação de algumas invasoras lenhosas como a Austrália (Acacia melanoxylon), a acácia de espigas (Acacia longifolia), a mimosa (Acacia dealbata) e a oliveirinha (Hakea salicifolia), espécies pirófitas, exóticas, de crescimento rápido e muito competitivas que estão naturalmente preparadas para colonizar imediatamente os terrenos ardidos e que teriam sido introduzidas em Sintra como ornamentais ou plantas de colecção, no século XIX.

 

Também os povoamentos de eucalipto (Eucalyptus globulus) que ocupam grande parte da vertente Sul da Serra, nomeadamente nas Tapadas do Saldanha e de Valle Flor, teriam sido instalados na sequência desse incêndio.

 

Com a escassez de mão de obra e o aumento dos custos de manutenção e das operações florestais, foi-se agravando a falta de conservação e o abandono das propriedades, nunca tendo sido efectuado o devido aproveitamento e a condução da regeneração natural das espécies com interesse ambiental e florestal.

 

Em 1979, 1981 e 1989 ocorreram novamente incêndios de grande dimensão, que afectaram, sobretudo, os sectores ocidental e meridional da Serra, agravando o problema da infestação de invasoras lenhosas e da degradação generalizada do coberto florestal.

 

Após o incêndio de 1989, os Serviços Florestais ainda fizeram um grande esforço de rearborização nos cerca de 400 ha ardidos do Perímetro Florestal da Serra de Sintra / Baldios Municipais, recorrendo a um leque muito diversificado de espécies, sobretudo de folhosas como carvalhos nativos e resinosas como o pinheiro manso (Pinus pinea) e o cedro do Buçaco, estando a maior parte do arvoredo então plantado perdido, por nítido insucesso das espécies mais exigentes e falta dos necessários trabalhos complementares de instalação e limpeza e pela forte concorrência das invasoras lenhosas que rapidamente dominam e abafam a restante vegetação.

 

A maior parte da Serra perdeu já a sua antiga riqueza vegetal, encontrando-se actualmente coberta de matos e povoamentos degradados com densidades excessivas, grande concentração de material lenhoso e acumulação de combustíveis, com um elevado risco potencial de incêndio.

Além das espécies já citadas, no que respeita ás invasoras lenhosas exóticas, todas de origem australiana, há que acrescentar o incenso (Pittosporum undulatum), espécie de sombra que se alastra sob o coberto dos povoamentos, revestindo actualmente quase todo o Parque da Pena bem como as poucas áreas que não arderam em 1966 e mesmo os acaciais originados após esse incêndio.

 

Estas invasoras exóticas ocupam já uma grande parte da Serra de Sintra constituindo autênticas pragas de difícil controlo e erradicação, que vão aumentando sucessivamente a sua área de ocupação, dominando e destruindo toda a restante vegetação e os respectivos nichos ecológicos, causando graves prejuízos ambientais para os quais não há ainda uma forma expedita, económica e eficaz de resolução.

 

Tendo a Serra de Sintra, pelos seus valores ambientais, culturais, científicos e paisagísticos, sido incluída no Parque Natural de Sintra-Cascais e na área inscrita e zona tampão da Paisagem Cultural classificada pela Unesco como Património da Humanidade, há que fomentar medidas, desenvolver programas e acções e disponibilizar recursos financeiros que levem à reabilitação e recuperação do seu património florestal, público e privado, sendo fundamental a sua valorização e a diversificação do coberto, sobretudo pela reconversão de áreas degradadas em povoamentos de folhosas nativas ou de outras espécies que ofereçam maior resistência à propagação dos incêndios.

 

Há que promover a protecção dos núcleos de vegetação e habitats com comprovado interesse ecológico e desenvolver uma correcta gestão dos povoamentos florestais na perspectiva da conservação da natureza.

 

Devem ser tomadas medidas urgentes de prevenção do risco de incêndio como a implantação de faixas de gestão de combustíveis ou com espécies mais resistentes ao fogo ao longo das estradas e caminhos, das extremas das propriedades ou de linhas notáveis do relevo.

Fotografia Rui Victorino Queirós

 

É urgente dar-se início a acções plurianuais de controlo das invasoras lenhosas, que deverão ser monitorizadas, devendo incidir sobretudo em manchas mais pequenas ou isoladas, ou dominadas por outras espécies, onde há maior possibilidade de sucesso.

 

Há que disciplinar o uso público e recreativo criando espaços devidamente infraestruturados para acolhimento e estadia nos locais mais adequados e desenvolver e melhorar a rede de circuitos sinalizados para passeio ou desporto na natureza.

 

Por fim há que assegurar a defesa de sítios de grande valor ambiental e cultural que, em caso de incêndio representam  perdas incalculáveis, como o Convento de Santa Cruz da Serra e a sua cerca com o seu bosque climácico que é a mais bem conservada relíquia do coberto florestal primitivo da Serra, bem como algumas manchas fragmentadas de carvalhal na sua parte ocidental, a mata da Quinta da Penha verde que se prolonga para algumas propriedades vizinhas, todo o flanco sul do Parque da Pena que é extremamente vulnerável e o Parque de Monserrate que já foi atingido pelo incêndio de 1966.

 

 

 Rui Victorino Queirós

(Eng.º Silvicultor) 

 

 

A Cooperativa Agrícola de Sintra, o cooperativismo e a agricultura da região

 

     O Grémio da Lavoura de Sintra (formado por intermédio do Decreto Lei n.º 29494 de 22 de Março de 1939 e cujos Estatutos foram aprovados em 1941) era um organismo corporativo, dotado de personalidade jurídica, com funcionamento e administração autónomos, representava todos os produtores agrícolas da sua área de tutela e os respectivos interesses perante o Estado, e era fiscalizado por este através da Direcção Geral dos Serviços Agrícolas.

     Os serviços do Grémio estavam divididos em 3 secções:

          a) Serviços gerais, trigos e produtos não especializados;

          b) Frutas;

          c) Vinhos.

     O Grémio constituiu 2 delegações: uma, a Casa da Lavoura de Colares, para actuar nas Freguesias de Colares, S. Martinho e S. João das Lampas, tomando, em especial, a seu cargo as secções b) e c); a outra, o armazém de Queluz para servir os agremiados desse local.

     Em 1952, motivado pela concorrência de outros agentes económicos que vendiam os factores de produção mais baratos, porque podiam fugir a impostos, é formada a Cooperativa Agrícola de Sintra; desta forma, a cooperativa podia vender sem estar sujeita ao Imposto Industrial, imposto esse que retirava a capacidade de concorrência nos preços. A cooperativa ficou com as funções de venda dos factores de produção, enquanto ao Grémio cabia a parte da recepção da produção dos agricultores. O Grémio da Lavoura de Sintra tinha até então 3 postos abertos no Concelho (Sintra, Queluz e Colares); a Cooperativa funcionava, juntamente com o Grémio, nessas localidades e, por vezes, nas mesmas instalações; tendo aberto, posteriormente, vários postos de venda no Concelho (chegaram a ser 15 postos de venda), para facilitar o abastecimento por parte dos sócios.

     Em 1948 é constituída a Cooperativa Agrícola dos Produtores de Leite do Concelho de Sintra. A constituição desta cooperativa resulta de um estudo mandado fazer, pelo Governo, ao leite do Distrito de Lisboa, no qual se conclui que grande parte do leite era equivalente a soro de má qualidade. Os agricultores já tinham sentido a necessidade de constituir uma cooperativa leiteira, porque eram explorados pelos intermediários que pagavam os preços que queriam e demoravam, por vezes, muito tempo a pagar; contudo, não havia dinheiro para o fazer. Com as conclusões do estudo sobre o leite, o Governo achou necessário e apoiou a criação de um organismo que recolhesse este produto, daí o ter sido possível o aparecimento da cooperativa leiteira que chegou a ter 22 postos de recolha espalhados pelo Concelho: o leite era recolhido duas vezes ao dia e transportado para a central, situada na Portela de Sintra, sendo, posteriormente, recolhido pela UCAL (União das cooperativas leiteiras do Distrito de Lisboa – Lisboa, Sintra, Loures, Mafra, Cascais e Oeiras). A cooperativa leiteira foi de grande interesse para os produtores de leite da região, chegaram a ser mais de dois mil produtores, mas também para os consumidores: no primeiro caso, porque passaram a ter um preço definido para o produto e passaram a receber a tempo certo (primeiramente de 10 em 10 dias e depois de 15 em 15 dias); no segundo caso, porque passaram a beber um leite de maior qualidade – com efeito, os animais pastavam durante o dia e à noite era-lhes dado um complemento de sêmea e um produto à base de restos de oleaginosas (este último, conhecido por Tourteaux, vinha ensacado da CUF, onde era um sub-produto), o que fazia com que o leite do Concelho de Sintra fosse considerado dos melhores da Europa.

 

     A Casa da Lavoura de Colares apoiava a fruticultura da região (maçã, pêra, pêssego, Limão, tangerina, Laranja, Nêspera, etc.), através do apoio técnico e da acção das brigadas fitossanitárias que procediam aos tratamentos dos pomares (brigadas essas que acabaram por ser extintas no final da década de 60 quando os produtos fitofarmacêuticos se vulgarizaram e se tornaram de mais fácil preparação e comercialização). Foram construídas 15 Câmaras frigoríficas para recolha da maçã Reineta e da pêra Rocha, que tinham capacidade para cerca de 500 toneladas de fruta (as primeiras 4 câmaras ficaram prontas em 1965 e as restantes ao longo dos 3 anos seguintes). Actualmente, parte das câmaras frigorificas encontram-se desactivadas para armazém, continuando em funcionamento 9 câmaras com capacidade para cerca de 180 toneladas de fruta mas que enchem, normalmente e apenas, cerca de metade.

     Os interesses associativos ou o cooperativismo dos Agricultores Portugueses nunca foram os melhores, o que estava bem patente, já nessa altura, por aquilo que era necessário engendrar para que os mesmos viessem às assembleias: oferta de alguns produtos ou demonstrações por parte dos fornecedores. Com efeito, a adesão ao Grémio e à Cooperativa dava-se mais por obrigação do que por entendimento de interesse. Já na altura se identificou a necessidade da existência de uma central para calibrar a fruta, que seria construída em Colares num terreno anexo ao do local das câmaras frigoríficas, porque a CEE não deixava entrar fruta que não fosse calibrada; contudo, a maior parte dos produtores, na altura, não quiseram porque vendiam a fruta na árvore a intermediários, não tendo, sequer, portanto, que a apanhar. Houve, também, por volta de 1980, a intenção de construir uma central hortícola, para o que seria aproveitado, primeiramente, as instalações da cooperativa leiteira na Portela de Sintra; mais tarde, o objectivo seria colocar a central no Sabugo, mais perto do principal centro de produção hortícola do Concelho. Embora os agricultores tivessem admitido que isso seria do maior interesse, quando lhes foi imposta a condição de terem de entrar com 10 % do capital necessário ( o que seria uma forma de os vincular à central), e até tendo dinheiro para o fazer, não quiseram prosseguir porque a produção, na altura, era facilmente escoada pelos intermediários ou pela venda directa.

     A extinção dos Grémios, no pós 25 de Abril, levou a que, em 1976, a comissão liquidatária do Grémio da Lavoura de Sintra votasse a passagem do património deste (os actuais edifícios da cooperativa em Sintra e Colares) para a posse da Cooperativa Agrícola de Sintra.

    Com a entrada na Comunidade Económica Europeia e consequente abertura e exigência dos mercados, parte da agricultura portuguesa não conseguiu resistir. A agricultura da região de Sintra, assentando na pequena propriedade e baseada nos cereais e no gado (de carne e leite), produtos em que o mercado europeu era excedentário, caiu rapidamente (A cooperativa dos produtores de leite já tinha falido pouco depois do 25 de Abril, por motivo de má gestão). Na parte da fruticultura e da horticultura, produtos que poderiam ser facilmente competitivos, os problemas foram outros: falta de formação dos agricultores, falta de apoio técnico e falta de estruturas de comercialização. Tudo isto, aliado à facilidade dos agricultores ou dos seus descendentes se empregarem noutros sectores, ajudado pela pressão da construção civil sobre as terras, levou ao abandono de muitos pomares e hortas.

     Hoje em dia, das frutas características da região: Pêra Parda, Pêra Lambe Dedos, Pêra Pérola, Pêssego Rosa, Limão, Tangerina, Laranja, Nêspera, Pêra Rocha e Maçã Reineta, das oito primeiras já pouca produção existe e as duas últimas estão reduzidas a poucas dezenas de toneladas cada uma.

     É na horticultura, não obstante as dificuldades e de ter havido uma diminuição da área cultivada, mesmo assim, onde tem havido a continuidade de agricultores jovens (principalmente nas freguesias de Almargem do Bispo e S. João das Lampas). A Cooperativa não foi capaz de atender às necessidades da agricultura da região, principalmente nos aspectos do apoio técnico e do levar à implementação de uma estrutura de comercialização; desta forma, muitos agricultores, alguns dos quais realizam uma agricultura competitiva, tiveram necessidade de procurar apoio em outras empresas do Concelho e, muitas vezes, fora deste.

     A Cooperativa Agrícola de Sintra possui, actualmente, 7 postos de venda (Sintra, Colares, Albarraque, Queluz, Sabugo, Mem-Martins e Arneiro dos Marinheiros) e, desde há alguns anos para cá, a sua actividade tem sido, principalmente, a comercialização de produtos para a jardinagem, actividade que tem crescido muito no Concelho, e para a agricultura de autoconsumo (parte ligada à jardinagem pelo prazer das pessoas terem uma pequena horta ou pomar).

     Para o futuro, a Cooperativa deverá ter 4 objectivos a desenvolver:

     1) Participar, juntamente com outras instituições da região, em acções cujo objectivo será o renascimento da fruticultura e da viticultura;

     2) Apoiar a horticultura da região, nomeadamente, fornecendo apoio técnico;

     3) Ajudar a promover a implantação da floresta em terrenos abandonados pela cultura de cereais e pela pecuária.

     4) Continuar a apoiar a jardinagem e a pequena agricultura de autoconsumo, actividades fundamentais para a manutenção de espaços verdes e do espaço rural da região, e importantes formas de lazer.

 

 

Eng. Jorge Rafael

 

 

Intervenção de Encerramento às Evocações de Figuras Nacionais ligadas a Sintra

 

 

Sr. Presidente da Câmara de Sintra

Minhas Senhoras e Meus Senhores

 

Entendeu em boa hora, a Associação de Defesa de Património de Sintra – ADPS, evocar a memória de quatro portugueses ilustres muito ligados a Sintra. Tal intenção faz parte do Plano de Trabalhos da ADPS, aprovado pela Assembleia Geral Ordinária em 30/3/2007.Este plano, aliás ambicioso tal com o de 2006 que foi cumprido, contém diversos itens de que enumeramos alguns, a título de exemplo: Abaixo-assinados para a Conservação do Património Florístico; levantamento de pontos a preservar em diversas povoações; acompanhamento de processos de reabilitação; acções com vista à instalação do Museu de História Natural de Sintra; comemorações sobre o Dia da Árvore e o Dia do Ambiente; alertas diversos no âmbito de reparações de espaços públicos; levantamento progressivo de espécies arbóreas; participação em diversos Conselhos Consultivos; intervenção na Assembleia Municipal de Sintra e em outros Órgãos do Município; acompanhamento das actividades da Sociedade Parques de Sintra - Monte da Lua. Esta última sociedade foi criada pelo Decreto-lei nº215/2000, de 2 de Setembro, com capitais apenas públicos; o artigo 7º desse diploma estabelece que, no património não afecto a empresa situado dentro do perímetro da zona património mundial, os projectos e obras a realizar por entidades públicas devem ser previamente consertados com aquela sociedade; como interlocutora da UNESCO que classificou a paisagem cultural de Sintra como património da humanidade e que abrange uma zona com cerca de 980 ha, totalmente localizada no interior do Parque Nacional de Sintra – Cascais. 

      Esta regulamentação foi objecto do despacho nº 4016/2007 de 2 de Março de 2007, conjunto do ministro do Ambiente e da ministra da Cultura.

      Voltando às actividades da ADPS, organizadora desta evocação, devemos agora esclarecer que, de entre os objectivos da associação, se encontram:

- Detecção, divulgação e valorização do património cultural do Concelho de Sintra, protecção do meio ambiente e a sua diversidade neste concelho.

- Prestar a colaboração que foi solicitada pelas entidades oficiais, para a reconstrução da identidade cultural do País.

      A escolha das pessoas evocadas hoje, obedeceu ao imperativo de se tratar de personalidades ímpares da vida portuguesa do Século XX, principalmente conotadas com o Ambiente, o revestimento arbóreo, o ensino, a investigação e divulgação do conhecimento e que pelas qualidades profissionais e pessoais, muito se distinguiram. A grande maioria deles esteve muito ligada a Sintra.

      Sobre o seu percurso já se debruçaram os oradores precedentes. No entanto, penso que posso concentrar a sua acção aqui e dar o meu testemunho pessoal, muito resumidamente. Conheci pessoalmente três deles. Não conheci o senhor Tude de Sousa. Começarei por este; pronuncio-me apenas por notas bibliográficas e recortes de jornais da época. Morreu em 1951 e por isso, hoje, poucos o conheceram. De origem rural de famílias pobres, distinguiu-se profissional, cultural e humanamente, nas áreas de parques naturais e serviços prisionais; colaborou em diversas revistas e escreveu livros, no âmbito agrícola, florestal, etnográfico e literário; foi um carácter probo, honesto, bondoso, disciplinado e disciplinador, com grande influência nos componentes da colónia prisional de Sintra e nos outros locais em que trabalhou.

      Foi Joaquim Vieira da Natividade um cidadão de probo carácter e grande humanidade. Era uma personalidade muito multifacetada. Distinguiu-se no âmbito das Ciências, Agricultura, Letras e Arqueologia. É um espírito aberto, de elevada cultura e um estudioso e trabalhador incansável, com uma personalidade muito vincada. Como Agrónomo e silvicultor notável, foi técnico, agricultor, investigador, divulgador, dirigente e muito se ocupou da Agricultura Portuguesa.

      Considero que foi um génio nestas últimas áreas, muito considerado nacional e internacionalmente. Publicou, em 1950 uma obra monumental: o livro “A Subericultura”, ainda hoje imprescindível.

      Foi membro de diversas sociedades nacionais, entre as quais a Academia das Ciências e a actual Sociedade das Ciências Agrárias de Portugal.

      Foi condecorado pelo Presidente da Republica e louvado pelo governo. Foi um orador brilhante e um poeta na escrita.

      Conheci-o no início da minha carreira privada, e depois, desde 1964. Possibilitou-me a aprendizagem de muitos aspectos práticos de fruticultura através de vários colegas, durante alguns meses, semanalmente. Retenho o seu ar afável, olhar fixo e determinado, a palavra fluente.

      O Professor Baeta Neves foi técnico, investigador e divulgador; particularmente notável este seu ultimo atributo, com cerca de 850 artigos em jornais e revistas e na grande enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Embora adentro das suas especialidades mais vincadas nas áreas das Florestas e Entomologia, foi extensa e variada a sua actividade profissional. Na sua  acção técnica e de chefia, dedicou-se também aos produtos armazenados – geralmente sementes – caça, fogos florestais. Seria fastidioso enumerar os imensos congressos, simpósios, com ênfase na Entomologia, Ecologia e Luta Biológica e as inúmeras sociedades e academias científicas e culturais de que fez parte. Era um palestrante emérito.

      O Professor Baeta Neves fundou, com outros e sob sua proposta, a Liga Nacional para a Protecção da Natureza de que foi Director/Presidente e parte do respectivo Conselho Técnico.

      Publicou cerca de 200 trabalhos científicos, no âmbito da Dendrologia, Entomologia, protecção da Natureza, dos caçadores, dos monteiros-mor, dos conteiros de perdizes, da fauna do solo, da Natureza e Humanidade em perigo.

      Foi galardoado com o prémio Goethe, destinado a quem mais se distinguisse na defesa da Natureza e da Paisagem, na Europa.

      No ensino, regeu as cadeiras de Parques e Reservas e da Protecção Florestal, Entomologia.  Foi meu professor nas cadeiras de Entomologia Agrícola e de Aquicultura e Cinegética.

      Relembro o homem determinado, distante, objectivo, educado e ao mesmo tempo simpático. Recordo o conceito de “Biocenose” que me transmitiu e me acompanhou pela vida inteira, formando a minha maneira de apreciar os factos, na luta biológica e na protecção integrada das culturas.  Biocenose é, etimologicamente falando, “vida em comum”. Desenvolvendo, é a comunidade de seres vivos que habitam uma porção de paisagem (uma árvore, um pomar tronco de uma árvore etc.) e estão adaptados a condições médias deste meio natural. Este conjunto oscila em torno de um equilíbrio comum chamado “equilíbrio biológico”.

      Entre os evocados, resta-me agora falar do Professor Mário de Azevedo Gomes. Distinguiu-se em diversas áreas da Agricultura e Florestas: Ensino; cargos públicos diversos; Ministro da Agricultura (1923-24), por um curto período de poucos meses; estudos científicos diversos (40 livros e vários artigos técnico- científicos) e um famoso Relatório, após exercer o cargo de Ministro.  É célebre o seu livro “Silvicultura”, base das aulas da respectiva cadeira e a “Monografia do Parque da Pena” (Sintra). Também no ensino, o seu exercício foi multifacetado (cadeiras de biologia geral, Patologia vegetal, Botânica, Economia Florestal, História da Agricultura, Mesologia colonial, Regime Silvopastoril e Silvicultura em que se distinguiu como titular durante cerca de 40 anos.

      Foi membro da Sociedade de Ciências Agronómicas (hoje Agrárias); colaborou activamente na revista Agronómica.

      Homem de carácter, não admira que após a implantação da ditadura, em 1926, passasse a fazer parte da oposição ao regime, vindo a ser demitido de professor universitário, com outros em 1945 e amnistiado em 1952; produziu, em 1946, a celebre resposta à nota de culpa, “Duas Defesas” em consonância com Bento de Jesus Caraça, matemático muito conhecido.

      Está na memória de muitos, as celebres estadias no Parque da Pena, no âmbito das cadeiras de Silvicultura e Dendrologia, durante cerca de 3 dias em cada ano. Conheci-o, quando nos acompanhou, já aposentado.

      Fica na nossa mente a eloquência das suas aulas, a sua elevada consciência social e a integridade pessoal. Era um professor de elevado senso prático ainda que um tanto distante.

      Ao procurarmos os temas para cada uma das evocações, escolhemos as que julgámos deverem ser mais desenvolvidas; houve que procurar os oradores, após algumas dificuldades iniciais. Havia personalidades que entretanto tinham falecido ou não eram encontradas, foi depois necessário proceder a algumas adaptações e respectivas ampliações. Fique porem entendido que se deu preferência a pessoas que tivessem convivido com os evocados e /ou com as suas famílias ou com a sua residência habitual. Foi importante, claro escolher-se especialistas por cada uma das matérias a abordar. Só em dois casos foi possível ter familiares.

      Conseguimos ainda diversificar um pouco o programa inicial da evocação com temas tais como “as Árvores”, a apresentação de uma peça teatral pelo grupo de teatro independente de Loures da autoria do dramaturgo e engenheiro Silvicultor Salazar Sampaio. Cabe-me, agora, no âmbito do que atrás disse, uma breve referência às circunstâncias e às especifidades próprias de cada um dos autores/palestrantes, já que estão apresentados e os seus “curricula” constam do conteúdo das pastas que foram distribuídas.

      Seguiremos por ordem. O Dr. Miguel Magalhães Ramalho sendo geólogo, é um dedicado e preocupado defensor de causas ligadas ao Ambiente, daí que nos interessasse alguém que pudesse discorrer sobre temas da árvore com experiencia pessoal e oficial já que foi presidente da Liga para a protecção da Natureza e um dos autores do livro branco do Ambiente (1991). É o actual director do INETI.

      O Dr. Barreto Nunes, com actividades no âmbito de história, bibliotecas com funções universitárias e em comunicação escrita e falada é um entusiasta ligado a causas ambientais, nelas incluindo o Gerês onde pontificou Tude de Sousa.

      Esteve sempre o Eng. Silvicultor Rui Queirós sucessivamente relacionado com o ordenamento e Gestão Florestal, parques e Reservas, Administração Florestal de Sintra. Aceitou falar sobre a Floresta de Sintra.

      O Arquitecto paisagista Gerald Luckhurst com longa actividade profissional em Inglaterra e E.U.A., com especial interesse em jardinagem, desenvolveu diversos estudos sobre a história da paisagem Sintrense e um ante-projecto dum parque público para a câmara de Sintra. Preencheu um espaço disponível, no âmbito do evocado Tude de Sousa.

      O Eng. Agrícola António Ramos Guerra, com residência em Alcobaça, desde sempre ligado à família de Vieira da Natividade e ao seu acerro literário e pessoal. É um emérito fotógrafo amador e participou num filme “Três homens e um sobreiro” sobre três personalidades, um dos quais Vieira da Natividade. Tem estado muito ligado na área profissional de Fruticultura.

      Foi o Eng. Civil José Pedro Tavares, indicado pela Câmara Municipal de Alcobaça após uma sugestão por nós feita, tendo casa naquela Vila. Muito ligado à área universitária e de projectos, do património e de consultadoria. É autor de trabalhos diversos, no domínio do génio civil Cisterciense e de Hidráulica Monástica.

      O Eng. Agrónomo João Saldanha, que conheço há mais de 40 anos, foi colaborador de Vieira da Natividade, através da Estação de Fruticultura e depois na direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e oeste, em Santarém. Foi entretanto director da Estação de Fruticultura Vieira da Natividade, em Alcobaça; a sua vida profissional esteve muito ligada à experimentação e fomento frutícolas. Exerceu ainda funções na área das pastagens, da citricultura, frutos secos e olival. Na sua acção multifacetada, foi Presidente da mesa da assembleia geral dos “criadores dos touros de lide”, é Provedor da Santa casa da Misericórdia da Azinhaga, Presidente da Assembleia Geral da Agro-Tejo (empresa agrícola) e Presidente da Assembleia Geral da
Associação Promotora da criança, com sede em Rio de Mouro, Sintra

      Também o Eng. Silvicultor José da Silva Carvalho colaborou com Vieira da Natividade, com predomínio no laboratório de celulose de Alcobaça e laboratório de tecnologia e química da estação de fruticultura da mesma localidade e ainda em muitos estudos sobre a cortiça e ainda sobre taninos. Pós graduado nos Estados Unidos e Master of Sience, detém várias patentes a última das quais em 1996, com cerca de 80anos. É um exemplo de longevidade profissional e de iniciativa. Poderei considerá-lo um jovem de 90 anos que muitos deveriam seguir.

            O Engenheiro Agrícola Vicente Paulo que dissertou sobre a  Viticultura e Fruticultura no conselho de Sintra desde o tempo de Viera Natividade, apontou caminhos para o futuro. É Mestre em Economia Agrária e Sociologia Rural, classificado com muito bom; está ligado a estudos sobre a videira e a qualidade do vinho. É fruticultor e viticultor e ainda Director Executivo da Adega Cooperativa de Colares.

      Conheço o Professor João Bugalho há alguns anos, desde que apresentámos um projecto em conjunto com diversas entidades, na área da economia da água, na arborização florestal. Era nessa altura empresário. Sendo Eng. Silvicultor, é um ilustre especialista em Ecologia, especialmente nas áreas de caça e fogo e ensinou no ISA-UTL. Foi um dos fundadores do Centro Ecologia Aplicada Professor Baeta Neves, em 1995. Desde 1998, tem-se dedicado intensamente à pintura artística.

       Conheci há pouco tempo o Eng. Silvicultor José Neiva Vieira. É assessor principal na Direcção Geral de Recursos Florestais. É uma personalidade muito diversificada e empenhada nas suas realizações: Florestal, formação, reuniões técnicas, exposições bibliográficas. É um coleccionador, palestrante, e autor de grande qualidade. A sua “colecção florestal” inclui temas tais como cartazes, selos, postais, livros antigos e infantis, amostras de madeira e frutos, esculturas, etc. Destaco uma das suas últimas publicações “Floresta Portuguesa” da colecção Árvores e Florestas de Portugal, distribuída pelo diário “O Público”.

      O Dr. J. Almeida Fernandes foi um directo colaborador do Professor Baeta Neves, desde o início da sua carreira, Biólogo e Entomólogo, dedicou-se também ao ensino (Liceal e universitário) e à escrita. É uma personalidade muito preocupada também com as questões ambientais. Foi sócio fundador e professor do Instituto Piaget. É comendador da Ordem de Mérito, membro do Bureau da federação de parques naturais da Europa.

      O Eng. Silvicultor Alberto Azevedo Gomes é sobrinho-neto de Mário de Azevedo Gomes e tem exercido a sua actividade com relevância no domínio dos solos florestais e dos problemas da Azinheira e Sobreiro.

      Foi o Eng. Silvicultor António Monteiro Alves, professor catedrático do ISA e seu presidente do conselho directivo e científico, Vice-Reitor da Universidade Técnica, presidente do Fundo de Fomento Florestal, membro da Academia de Engenharia e membro conselheiro da Ordem dos Engenheiros. As suas principais áreas de trabalho situam-se na Economia dos Recursos Naturais e da silvicultura. É autor de diversos livros e artigos. Cruzei-me algumas vezes com ele, na minha vida empresarial.

      O Professor Fernando Estácio, engenheiro Agrónomo, veio a ser professor catedrático no ISA em 1979 e seu presidente do conselho científico. Na actividade profissional, além do ensino, trabalhou em hidráulica e no centro de estudos de Economia Agrária do Instituto Gulbenkian de Ciência e é também membro da Academia de Engenharia.

      Por fim, o meu colega de curso, de actividades e circumescolares e amigo, Professor catedrático Eugénio Sequeira, actual presidente da Liga para a Protecção da Natureza. Foi presidente da Assembleia Municipal de Cascais e vereador. É muito extensa a sua actividade profissional e associativa, especialista na ciência dos solos e diversas acções no domínio ambiental. Autor de numerosa bibliografia.

      Prestes a terminar a minha intervenção de encerramento deste colóquio memorável, para a ADPS e, por certo, para a maioria dos presentes, reitero o nosso agradecimento pela vossa presença e pela colaboração gratuita dos oradores e outros intervenientes como o Grupo de Teatro Independente de Loures, já que a Associação de Defesa do Património de Sintra vive de quotas dos seus associados, do empenho de muitos.

      Por fim um último agradecimento à Câmara Municipal de Sintra pela cedência das instalações do Palácio Valenças e pela presença do seu Presidente ou representante.

 

      Muito obrigado a todos.

Eng. Ernesto Rafael                 

(Presidente da Assembleia Geral da ADPS)

 

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